Que horas são?

sábado, 20 de outubro de 2012



A Marcia Carvalho é uma amiga que ganhei de herança de uma outra boa amizade. Das cadeias afetivas da vida. Médica das mais competentes, mãe presente, dedicada e amorosa, avó doce e orgulhosa. Amiga fiel de seus amigos e encantadora nas suas relações.  Ela já lê minhas entrelinhas e sabe das minhas angústias. Uma amizade que quero guardar num lugar muito especial, para a Vida!

Nestes dias de comemoração por aqui, ela manda um poema lindo, que transcrevo:



Gostaria

Queria compartilhar contigo os momentos mais simples
e sem importância.
Por exemplo:
sair contigo para passear, sentir-te apoiada em meu braço,
ver-te feliz ao meu lado
alheia a todo mundo que passasse.

Gostaria de sair contigo para ouvir música, ir ao cinema,
tomar sorvete, sentar num restaurante
diante do mar,
olhar as coisas, olhar a vida, olhar o mundo
despreocupadamente,
e conversar sobre "nós" – esse "nós" clandestino
que se divide em "tu e eu"
quando chega gente.

Encontrar alguém que perguntasse: "Então, como vão vocês?"
E me chamasse pelo nome, e te chamasse pelo nome
e juntasse assim nossos nomes, naturalmente,
na mesma preocupação.

Gostaria de poder de repente te dizer:
Vamos voltar pra casa...
( Como se felicidade pudesse ser uma coisa
a que tivéssemos direito como toda gente)
Queria partilhar contigo os momentos menores
da minha vida,
porque os grandes já são teus.



(Poema de JG de Araujo Jorge
do livro – A Sós – 1958 )

E me emocionou com suas palavras:

"Parabéns Ana Maria, por um ano de seu Blog. Especial,delicioso,delicado,fascinante, bom gosto, objetivo, amoroso,sensível, informante e bem informado. Todo feito com o cuidado de uma pessoa que extrapola a perfeição em tudo que faz! Um parabéns especial. Forte abraço,Marcia
Brasília "


Obrigada, Marcia Carvalho!  Vida longa à nossa amizade!





quarta-feira, 17 de outubro de 2012

ANIVERSÁRIO DO BLOG





                                         



"Um ano de poesias. Um ano trazendo doçura, música e alegria para aqueles que, como eu, te leem."
Bjs e parabéns Ana.

CEL


                                              Carlos Eduardo Leal
                                          17 de outubro de 2012 08:05







Carlos Eduardo é meu amigo desde 2009, é generoso, gentil  e carinhoso.   Das delicadezas ele tudo sabe, na amizade ele dá seu melhor. Está aqui no blog desde os primeiros projetos.  Um homem inspirador, que apresenta perguntas  e sugere a busca das respostas. Temos afinidades lindas na literatura, na música, na vida. Escritor, poeta, artista plástico e psicanalista (conceituadíssimo). Ganhei os livros dele, preciosos! Comecei a leitura com um moleskine ao lado, porque fui fazendo análises, descobrindo referências ou, simplesmente leio uma frase que me toca.  E surgem as epifanias! Num susto bom já disse: "Ah, então era isto que eu vivi e a personagem está me mostrando um outro aspecto!" E anoto, anoto, anoto, para (re)ver, (re)ler, há muito o que descobrir nas entrelinhas. Seus livros falam dos personagens e suas histórias. E, acima disto, sobre o nosso olhar sobre a Vida.

Hoje trouxe um poema do Carlos Eduardo para celebrar o aniversário deste espaço que tanta poesia já abrigou.


Deem um verbo ao poeta e ele transformará em poema.


Obrigada CEL, pelos  aprendizados que proporcionas a todos os que convivem contigo, pela generosidade com que compartilhas o que sabes desta vida e pela tua presença carinhosa aqui no AMORANINHA.  Gracias, sempre! 





"Vive-me
Perde-me
Solta-me
Ama-me
Beija-me
Vive-me
Consome
Me
Come
Me
Vive-me
Fantasia-me
Musica-me
Perdoa-me
Alegra-me
Implora-me
Morre-me
Vive-me
Purifica-me
Terrifica-me
Mata-me
Voa-me
Seduz-me
Ilumina-me
Vivifica-me
Vire-me
Ama-me
Adoro-te...Devoro-te."



CARLOS EDUARDO LEAL



                                                                         






O blog segue recebendo presentinhos e palavras carinhosas dos amigos. Desta vez foi o meu querido amigo Felipe Stefani que mandou um desenho e um poema para registrar sua passagem por aqui. Ele tem múltiplos talentos, é poeta, ilustrador, artista plástico e tem um olhar sensível que o torna um excelente fotógrafo. Felipe e eu nos conhecemos no Facebook há alguns anos e fizemos as melhores trocas por lá. Continuamos cultivando a boa amizade, por ser ela que nos qualifica para receber porções generosas de felicidade diária.





A  ORQUESTRA

                                     (DESENHO DO FELIPE  STEFANI)




MALABARISMOS JUVENIS
Eu vi o escasso tempo de malabarismos juvenis
A estalar a seiva acidentada da tarde,
A aurora pura entrelaçada ao "meu próprio sono
Nos instantes precários de um segredo vago.

Eu vi o estrondo de uma gloriosa infância,
A alegria que em mim eram crianças cintilantes,
Na tarde volúvel, onde o mar, em silêncio maior,
Faz dos corpos uma presença errante.

Na oblíqua solidez dos corpos
Abre-se a rosa inicial sem nome, turva e casta,
Impura como a brisa imaculada dos sonhos, da voz,
Em uma espécie de chamado.

Eu vi o estrondo de uma gloriosa infância,
A alegria que em mim eram crianças cintilantes,
Na tarde volúvel, onde o mar, em silêncio maior,
Faz dos corpos uma presença errante.

Devo amar calado o triunfo crepuscular da juventude,
Seus beijos ao mar e sua oferenda de mistérios,
Na rosa oblíqua de um chamado puro,
Na vastidão precária dos instantes.


Eu vi tudo isso e amei, sendo eu mesmo uma oferenda eclusa
Aos mistérios juvenis, que desafiam os segredos do mar."

FELIPE  STEFANI








Felipe Stefani é poeta, artista plástico e fotógrafo. Nasceu em São Paulo em 1975. Faz parte do grupo “Só Desenho”, que tem os desenhos publicados no site www.pbase.com/sodesenho Ilustrou o livro “Teatro das Horas” do poeta André Setti, editado pela Edições K, e “Sob o Silêncio dos Anjos” do poeta Alexandre Bonafim. Publicou o livro “O Corpo Possível” editado pelo coletivo Dulcinéia Catadora. Escreve também em seu blog: http://cultuar.blogspot.com

















Um cantinho dos meus livros...Esta orquestra de anjos toca  a Sinfonia da Saudade. Ganhei de presente junto com vários outros mimos. Vinte e seis presentinhos, um para cada letra do meu nome. Um momento encantador, comovente e inesquecível.  De tudo, ficaram os anjos a me proteger. Eles são incansáveis, nunca me abandonam.


                                                                           (Eu,  traduzida...)



Adriana é daquelas amigas doces e delicadas que encontramos pelo caminho. Há anos sabemos de nós. Moramos longe, mas sempre em sintonia fina. Ela não poderia faltar nesta data tão importante pra mim e me traduziu em poesia. Sempre generosa nas suas palavras, escreveu:

"Parabéns por traduzir em arte e pela arte tantos sentimentos. Sua generosidade sempre presente em tudo o que faz, nos traz a partilha de belezas e encantamentos. Beijos, amiga."


E lá no Facebook, deixou um recadinho, logo que amanheceu o dia:


"Hoje o blog da minha querida amiga Ana, completa um ano de vida, linda de viver, com poemas, poesias, trechos de livros e tudo o que traz à alma beleza e encantamento. Parabéns Ana Maria Oliveira. Obrigada pela partilha."



Traduzir-se


"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?"



Ferreira Gullar

De Na Vertigem do Dia (1975-1980)

terça-feira, 16 de outubro de 2012




INTIMIDADE...



  


ANA LÚCIA, ANAROCCANA, ANALINDONA, ANABACANA, ANAQUERIDA, minha amiga!
  
Obrigada pelo incentivo para que eu criasse este espaço, ANA!  Aprendo muito contigo, todos os dias, em todas as lágrimas, a cada sorriso!





Dedé Vargas é meu amigo, meu conterrâneo, lindo, querido e um fotógrafo talentosíssimo. Sabe captar as belezas do caminho, recortar a singularidade de cada paisagem que encontra. A câmera é a extensão da sua sensibilidade. Atualmente mora na Argentina, mas é um cidadão do mundo.
Sua gentileza em enviar flores neste dia especial me comoveu. Um presente para guardar!






"Flores para comemorar o primeiro ano do blog de minha conterrânea Ana Maria Oliveira. Parabéns querida, EU VEJO FLORES EM VOCÊ!

Dedé Vargas"

Obrigada, Dedé! Fazes parte do meu jardim de amigos queridos. Cultivemos, sempre!





“Lori, você está se acordando pela curiosidade, aquela que empurra pelos caminhos da vida real. Mas não tenha medo da desarticulação que virá. Essa desarticulação é necessária para que se veja aquilo que, se fosse articulado e harmonioso, não seria visto, seria tomado como óbvio. Na desarticulação haverá um choque entre você e a realidade, é preferível estar preparada para isso, Lóri, a verdade é que estou contando a você parte do meu caminho já percorrido."




Clarice Lispector. Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres. ed. Rocco, 1998 P.97






Sou amiga da Helô há alguns bons anos. Ela é uma mulher inspiradora, mãe de quatro filhos maravilhosos, escritora, blogueira, amiga fiel, parceira na vida quando precisamos dela. E é linda! Por dentro e por fora. Generosa e carinhosa, já me deu ombro e colo quando precisei, já celebramos à Vida e às conquistas dos nossos filhos. 

Ganhei este texto de presente para comemorar o aniversário deste meu "filho".



"Vida. “Um nada no mundo, um mistério profundo?”, assim já dizia a letra da velha canção. Viver. O que é a vida? Eu Sou vida, você é vida. Nós temos vida e a manifestamos “como der, ou puder ou quiser”. Sempre desejada! Por mais que esteja errada. Ninguém quer a morte, só saúde e sorte. E a pergunta rola e a cabeça agita... eu fico com a pureza da resposta das crianças: é a vida, é bonita e é bonita. 

Como eu vejo a vida ? Em Lucas 11.34, Jesus disse: “Os olhos são como uma luz para todo o corpo: quando os seus olhos são bons, todo o seu corpo fica cheio de luz. Porém, se o seus olhos forem maus, o seu corpo todo ficará na escuridão.” A antiga expressão também dizia, que os apaixonados vêem o mundo cor-de-rosa. Sim  !Como eu ando vendo a mim mesmo, vida? Como estou vendo as outras pessoas, o meu país, o Universo, as Leis divinas ?


Para compreender as leis, basta observar:  a plantação é livre, mas a colheita é obrigatória. Tudo o que semeamos crescerá. Vamos imaginar então que Deus nos deu um presente: um lindo vaso contendo uma semente de girassol, nos deu também algumas ferramentas e manuais de instrução, contando a história de Grandes Jardineiros. Esse presente representa a minha vida. O que eu faço com ela ? Se esquecer de regar, ela morrerá; se eu não apará-la, muito feia ela ficará. Se eu deixá-la nas mãos de outras pessoas, estas não terão o tempo necessário de cuidar da plantinha delas e não poderão cuidar da nossa como nós poderíamos. Posso ficar sentada observando-a e pensando:”ontem você estava mais bonita, hoje você está tão feiosinha !” ou, quem sabe, “Cresce logo, planta, como será amanhã, hein, hein? Posso ficar parada olhando para ela, esperando que a chuva a regue e deixar assim atrofiar as mãos que Deus me deu para semear, negando todos os instrumentos de trabalho que Deus me deu. Posso sufocá-la, na ânsia de regar demais. E posso deixar de lado toda a ignorância: tristeza, preguiça, desânimo, desesperança, irritação, porque isso tudo só irá destruir a Flor e enfim buscar o Sol da Sabedoria e do Amor de cada dia, para que ilumine este servo Jardineiro, que está aprendendo a cultivar.

O mundo espera cada flor. Cada flor é importante para o jardim. Crescer, deixá-la livre, admirá-la e então linda planta viverá. Deus não quer uma flor murcha ! Eu escolho como cuidar do presente que Deus me deu. Presente. Que paradigma ! O que é a vida, agora ? O vaso de flor que Deus me deu.  Que tal respeitar o tempo que a flor leva para brotar ? Que tal aceitar que ela morre e renasce novamente ? Que ela possui seus espinhos, sim, e que aprendendo posso me machucar, mas há milhões de pólens frutíferos para um ínfimo espinho perdido. Que tal, decidir cuidar da flor, ciente de toda a sua glória e magnificência ? Eis a dádiva da vida.

Olhemos com os olhos deslumbrados de luz para admirar a oportunidade de semear. Se olharmos com rancor proveniente do passado que sofremos, ou com temor vindo do novo que inevitavelmente chegará, não cultivaremos como se deve o nosso presente e a luz que há em nós se esconderá. Olhai para a beleza das flores, que crescem à medida que cresce o amor de Deus para com cada homem. Depressão é negar esse amor. Desespero é desesperança. Falta é ilusão.

Há muitas abelhinhas esperando o seu chamado, querendo propagar o néctar da vida. Há um jardim inteiro a ser semeado e cada flor tem o seu lume, não negue a Deus o seu perfume. Vamos juntos cultivar !"

Aos amigos portugueses




Para agradecer aos amigos portugueses que passam por aqui e trazem poesia e carinho, Sergio Godinho e Caetano Veloso cantam Lisboa.



MY SWEET LORD










segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Aniversário do BLOG






Helena Brito Pereira, sempre presente aqui no AMORANINHA mandou este presentinho lindo e delicado:


"Adeus paz que vi
aportar suavemente
irrigando a dor, devagar
desses meus olhos( tão permeáveis)
em rodopios, rolam gotas de mar."




Helena escreve com sensibilidade feminina e com as cores que a Vida se apresenta. Obrigada, Helena, muito obrigada pela poesia, pelo carinho e pela amizade que estamos construindo.

Aniversário do Blog

                                          (a delicadeza é amarela...)


                                        


E o blog continua recebendo o carinho dos amigos na celebração do  seu aniversário de um ano. Cada um deixa sua marca afetiva por aqui. 

Nydia Bonetti, poeta que encanta a todos nós, que admiro desde o primeiro poema que conheci, que sabe falar de amor com maestria   está presente.
Nydia Bonetti escreveu, embalou e enviou. E eu, cheia de orgulho, divido com vocês:




do que cantamos





poeta de verdade, não canta
a penas
suas próprias dores

canta as dores do mundo
e segue
acreditando na impossível cura



Obrigada pelo carinho, Nydia Bonetti. Que estejas sempre por aqui nos próximos anos.


               



"Qualquer idiota consegue ser jovem. É preciso muito talento pra envelhecer."


                              Millôr Fernandes




(objeto da Loja Maria Teresa Objetos Decorativos,Rua Tobias da Silva,174  Bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, RS)






                      
                                           (recorte da loja Maria Teresa Objetos Decorativos)




“Falta tanta coisa na minha janela como uma praia / Falta tanta coisa na memória como o rosto dela / Falta tanto tempo no relógio quanto uma semana / Sobra tanta falta de paciência que me desespero / Sobram tantas meias verdades que guardo pra mim mesmo / Sobram tantos medos que nem me protejo mais / Sobra tanto espaço dentro do abraço / Falta tanta coisa pra dizer que nunca consigo / Sei lá se o que me deu foi dado / Sei lá se o que me deu já é meu / Sei lá se o que me deu foi dado ou se é seu / Vai saber se o que me deu quem sabe / Vai saber quem souber me salve / Vai saber se o que me deu quem sabe / Vai saber quem souber me salve.”



Teatro Mágico




[A loja Maria Teresa Objetos Decorativos fica ali na Rua Tobias da Silva, 174  Bairro Moinhos de Vento em Porto Alegre.]


domingo, 14 de outubro de 2012


                                (fotografei o céu florido de Porto Alegre)





"Nem toda palavra é aquilo que o dicionário diz.

Nem todo pedaço de pedra se parece com tijolo ou com pedra de giz.

Avião parece passarinho que não sabe bater asa. Passarinho voando longe parece borboleta que fugiu de casa.

Borboleta parece flor que o vento tirou pra dançar. 
Flor parece a gente,pois somos semente do que ainda virá.

A gente parece formiga lá de cima do avião.
O céu parece um chão de areia parece descanso pra minha oração.

A nuvem parece fumaça.Tem gente que acha que ela é algodão. Algodão as vezes é doce, mas as vezes é doce não.

Sonho parece verdade quando a gente esquece de acordar. E o dia parece metade quando a gente acorda e esquece de levantar.”


Fernando Anitelli - Teatro Mágico


                                                            (reflexões)
             



O ENTERRADO VIVO



"É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência."


(ANDRADE, Carlos Drummond de. OBRAS COMPLETAS. Rio de Janeiro, Aguilar, 1967, p. 81)








Susana é minha amiga há mais de trinta anos. Crescemos juntas, na escola e na vida. Nos formamos juntas no magistério. Tivemos as melhores experiências da vida e nos apoiamos nas piores que ela nos reservou.

O tempo passou, seguimos, cada uma o seu caminho, mas a Vida (ela, de novo) nos reuniu novamente lá nos anos 90. Um dia descobrimos que éramos vizinhas e pudemos retomar a convivência diária. Compartilhamos alegrias, dores, lágrimas, segredos, confidências, almoço, jantar e colo. Neste período ela fazia residência médica na Santa Casa, aqui em Porto Alegre.
Fui à sua formatura, lá em Pelotas, vi a sua emoção, sabia da sua emoção, dos motivos de sua emoção. Eu sabia. Há uma cumplicidade de confidências entre nós que se tornou patrimônio afetivo. Mesmo de longe, sempre saberemos uma da outra. Há um código de vivências que ninguém nos rouba. Posso ir morar na Turquia e ela irá comigo, em afeto e amizade.

Pouco nos vemos, mas muito nos falamos, ainda que nossa amizade transcenda às distâncias. Construímos uma ponte invisível que nos mantém unidas.

Admiro cada passo que ela dá na vida. É uma mulher linda, (conquistou títulos de beleza, muitos!) uma médica bem sucedida,  empresária de sucesso, uma filha exemplar,  irmã amorosa e uma amiga ímpar. Tem a alma translúcida, um coração generoso e uma simplicidade que sempre me encantou.   Reconhece beleza no pé de alface que planta no seu sítio, no broto da flor que vê nascer  ou num pôr-de-sol em Punta del Este. Visita Paris, Espanha, Londres, Nova York com a mesma bagagem emocional que a leva de volta a Dom Pedrito, onde nascemos.
Requintados são seus talentos, entre eles, o piano. Toca lindamente as mais belas peças musicais. E, acima de tudo, é corajosa. Tem coragem de mudar quando tudo parece confortável, tem coragem de se desequilibrar quando o caminho se apresenta plano e repensar seus projetos se eles não apontarem a felicidade.

Susana é minha amiga. Que orgulho poder dizer isto! Orgulho do que nos tornamos, do que fizemos com as adversidades (e foram tantas!) que enfrentamos, do sucesso pessoal que conquistamos.


Susana teve perdas irreparáveis ao longo da vida. Alguns dos seus partiram mais cedo. Durante muito tempo seu coração ficou apertado em nós de marinheiro. Apanhou para a dor, mastigou a dor, foi a própria dor em alguns momentos. Então, cheia de amor e de vida  decidiu expulsar a dor e povoar o coração de esperanças e saudade amorosa.

Hoje, seus afetos que se foram, têm lugar especial no seu coração e na sua memória e, pelos fios invisíveis do amor, iluminam seu caminho, todos os dias. Superou a si mesma e (re)escreveu a própria história.

Comemoramos aniversário em datas próximas, ela no dia 11/10 e eu no dia 01/11 e nossa diferença de idade é de um ano. Nesta semana que passou pude cumprimentá-la mais uma vez, e meu coração se encheu de alegria, porque ela respondeu com uma linda declaração de amizade renovada.

Em  momentos como este,  eu penso: como não ser feliz?  Uma amizade como esta é uma benção infinita, um passaporte para a felicidade que vai além dos desejos triviais.




Escrevi pra ela, lá no Facebook:


"Daqui a pouquinho um novo ano começa na tua vida. Enche os dias de sol, flores, e amor. Celebra as conquistas, todas, e sonha loucamente. Trabalha com prazer e te entrega a cada vez que teu coração mandar. Ah, e renova nossa amizade por mais trinta anos, no mínimo! Então, "um pouco" mais velhas começamos tudo de novo.

Felicidades! Beijo"


Ela respondeu:




"Adorei, Ana Maria, obrigada pela amizade e pela presença constante em minha vida!!! Nossa amizade se renova automaticamente a cada 30 anos!!!! bjão"


E, no dia seguinte ela escreveu no meu mural do Facebook:




"Obrigada Ana, pela tua amizade de muitos anos e sempre igual, pela tua paciência em me escutar sempre que precisei, pelas boas e muitas risadas e aventuras que vivenciamos juntas, pelas maravilhosas recordações, pela terapia recente, pelos conselhos, muito obrigada por tudo! Sempre que tu ou tua família precisar quero que saibas que podes contar comigo! bjo"




Ela fez aniversário e eu ganhei o presente. Um carinho que não se mede!
Obrigada minha amiga por este vínculo tão forte que construímos.