Que horas são?

sábado, 17 de agosto de 2013

Eu Peneiro o Espírito e Crivo o Ritmo





   
Concert Bach | Berio | Boulez (Neuburger... por francemusique




Eu Peneiro o Espírito e Crivo o Ritmo


"Eu peneiro o espírito e crivo o ritmo 
Do sangue no amor, o movimento para fora 
O desabrigo completo. Peneiro os múltiplos 
Sentidos da palavra que sopra a sua voz 
Nos pulsos. Crivo a pulsação do canto 
E encontro 
O silêncio inigualável de quem escuta 

Eis porque as minhas entranhas vibram de modo igual 
Ao da cítara 

Eu peneiro as entranhas e encontro a dor 
De quem toca a cítara. A frágil raiz 
De quem criva horas e horas a vida e encontra 
A corda mais azul, a veia inesgotável 
De quem ama 
Encontro o silêncio nas entranhas de quem canta 

Eis porque o amor vibra no espírito de quem criva 

O músico incompleto peneira a ideia das formas 
Eu sopro a água viva. Crivo 
O sofrimento demorado do canto 
Encontro o mistério 
Da cítara "



Daniel Faria, in "Dos Líquidos"






sexta-feira, 16 de agosto de 2013

(marcas de uma mesa mineira)



Marcas do Caminho (ouça, aqui)
Antonio Marcos, na voz da Gisele De Santi




"As nossas marcas todas
Ficaram nesta vida,
Tristeza, alegria,
Até minha poesia!
Não adianta nada,
Você partir agora,
O amor já está comigo,
Você não leva embora!
O chão da tua estrada
Eu já conheço tanto,
Eu sei até a hora
de enxugar teu pranto!
Você não vai ter nada,
Não vai achar caminho,
Por isso eu não permito
Teu coração sozinho!
Ah! É melhor eu dizer
Que os teus passos marcados
Estão no caminho
Que eu te ensinei!
Ah! É melhor eu dizer
Que os caminhos
Que eu te ensinei
Vão chorar, vão chorar
Se eu deixar você ir...

As nossas marcas todas
Ficaram nesta vida,
Tristeza, alegria,
Até nossa poesia!
Não adianta nada,
Você partir agora,
O amor está comigo,
Você não leva embora!
O chão, o chão da tua estrada
Eu já conheço tanto,
Eu sei até a hora
de enxugar teu pranto!
Você, você não vai ter nada,
Não vai achar caminho,
Por isso eu não permito
Teu coração sozinho!
Ah! É melhor eu dizer
Que os teus passos marcados
Estão no caminho
Que eu te ensinei!
Ah! É melhor eu dizer
Que os caminhos
Que eu te ensinei
Vão chorar, vão chorar
Se eu deixar você ir...

As nossas marcas todas
Ficaram nesta vida,
Tristeza, alegria,
Até nossa poesia!
Não adianta nada,
Você partir agora,
O amor está comigo,
Você não leva embora!
O chão, o chão da tua estrada
Eu já conheço tanto,
Eu sei até a hora
de enxugar teu pranto!
Você, você não vai ter nada,
Não vai achar caminho,
Por isso eu não permito
Teu coração sozinho!

As nossas marcas todas
Ficaram, ficaram nesta vida..."







An(elo). 
Amar-elo.
O anel que tu me deste!
O amor que tu me tinhas...

era tanto? 

quinta-feira, 15 de agosto de 2013






"flor de não mais querer
desarvorada flor 
de ser sozinha 
(improvável jardim)
— será flor? ou sombra 
do que um dia:- flor"



 Nydia Bonetti


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Você pediu e eu já vou daqui

                                 


"Você pediu e eu já vou daqui

Nem espero pra dizer adeus
Escondendo sempre os olhos meus
Chorando eu vou, tentei lhe falar, 
você nem ligou

Eu nunca consegui me explicar
Por que você não quis me ouvir falar
E deixo todo meu amor aqui
Jamais eu direi, que me arrependi
Pelo amor que eu deixar

Mas da saudade eu tenho medo
Você não sabe eu vou contar todo segredo
Esses caminhos eu conheço
Andar sozinho eu não mereço
E você há de entender, a gente tem que ter 
alguém pra viver

Se você quer eu vou embora 
Mas também sei que não demora
Você é criança e vai chorar
Só então vai compreender 
que muito amor eu dei
E eu quero ver, você lamentando 
meu nome chamar

E quando um dia isso acontecer
De você querer voltar pra mim
O meu perdão eu vou saber lhe dar
E jamais eu direi, que um dia 
você conseguiu me magoar

Eu nunca consegui me explicar...."


                              



terça-feira, 13 de agosto de 2013

 



                       
                 




''Fora de hora o meu coração
Pega a pensar no seu 
Será que ele também
De mim não se esqueceu

Será que embora um bom coração
Deseja mal ao meu
Será que diz que nem
Sequer me conheceu

Quando é tempo de serenar 
Quando é hora de recolher 
Por que vai e vem 
Na gente um bem 
Querer

Quando já nem balança o mar
Quando nem uma luz se vê
Nem um dia além 
Da noite sem
Você

Agora mora o meu coração
Sozinho como quer
Sem outra dor senão
A dor de ser mulher
E estar à sua mão 
Quando você vier"


(Chico Buarque)






"Basta um cisco para turvar os olhos do espírito"

Horácio para Hamlet - Shakespeare


"O evento do real é assim: desestabiliza as garantias imaginárias, fratura os laços simbólicos e faz emergir o real da angústia. 

Depois disso, nada mais será como antes, porque o que a angústia produz é da ordem da certeza, ou seja, a angústia é aquilo que não engana. 

Se o sujeito vivia enganado ou iludido em seus fantasmas, o descortinar da angústia faz com que o sujeito não seja mais o mesmo. 

'Onde foi que me perdi?' poderia ser a pergunta do sujeito que em geral é trocada por 'preciso me (re)encontrar.'
Por isso Freud diz que um novo encontro é sempre um reencontro de algo perdido. 

Mas nada mais será como antes. A análise faz emergir uma nova condição de gozo, uma nova produção com a qual o sujeito nada sabe fazer. Mas a saída deve ser através do desejo. Um desejo decidido. Um desejo que faça o sujeito amar aquilo que deseja e desejar aquilo que ama."


Carlos Eduardo Leal é psicanalista, escritor, artista plástico e um amigo querido que nos desloca da estrada confortável dos pensamentos comuns.

Momentos felizes no aniversário da minha amiga, Ana Lúcia Teixeira, em Pelotas.
 Amizade, verdade, risos, celebrações, comida boa, hospedagem amorosa, confiança, música, conversas intermináveis, pessoas do bem, acima de tudo.
Por que é preciso abrir as janelas, iluminar os cantinhos da alma, abastecer-se de alegrias para não envelhecer de mágoas.











(na estrada, em Pelotas, domingo, ao fim da tarde)



Amor como em Casa


"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa. "




Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde"