Que horas são?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013




Ler a correspondência amorosa entre duas pessoas é absorver um mundo de amor. Poder entrar neste universo tão íntimo confere responsabilidade a quem lê. É preciso ler com cuidado e vagar cada uma das cartas escritas com tanto sentimento.
Florbela Espanca escreve para o seu amado, Antonio Guimarães:







No livro de correspondências amorosas de Monteiro Lobato, o clima é de delicadeza e amor romântico entre ele e a noiva, Maria da Pureza Natividade, a quem ele chama, carinhosamente ,  Purezinha.

    
O tempo é outro, a linguagem é rebuscada, os obstáculos eram muitos, os recursos, parcos. Mas o AMOR...o AMOR é sempre inspirador.
Leia, inspire-se, escreva! Deixe o coração ditar as palavras, por certo você irá se  surpreender  com o resultado. 



               MARINA ABRAMOVIC
                                      (clique no link acima para saber mais sobre ela)
        







"Nos anos 70, Marina Abramovic viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando todo tipo de performances. Quando sentiram que a relação já não valia aos dois, decidiram percorrer a Grande Muralha da China; cada um começou a caminhar de uma lado, para se encontrarem no meio, dar um último grande abraço um no outro, e nunca mais se ver.

Vinte e três anos depois, em 2010, quando Marina já era uma artista consagrada, o MoMa de Nova Iorque dedicou uma retrospectiva a sua obra. Nessa retrospectiva, Marina compartilhava um minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente. Ullay chegou sem que ela soubesse, e foi assim:"






Quando vi este vídeo lá no  ROCCANA, blog da minha amiga Ana Lúcia Teixeira, soube que precisava trazer para o AMORANINHA. É um (re) encontro intenso, silencioso na voz, mas ensurdecedor na emoção. O tempo passa pelos olhos deles, a saudade se esparrama entre os dois, os corações batem fora do corpo, as lágrimas contam a dor e alegria. E nós todos somos arrebatados pela emoção. 
Uma história que (res)surge e conta que amor é sentimento que vive e sobrevive e (re)vive. Se for amor, sempre estará lá, de alguma maneira.
Em tempos de amores líquidos e efêmeros, faz muito bem assistir este vídeo. 



(OBS.: para reblogar este assunto, por delicadeza, pedi licença para a Ana Lúcia, que postou primeiro, no ROCCANA. É a primeira vez que isto acontece por aqui, mas o amor é tema que toca o coração das pessoas.)






A amizade contorna o tempo e desdenha da distância. Costura os fios do afeto e mantém corações unidos.
Susana é minha amiga há mais de trinta anos. Já falei sobre ela, aqui no blog:


SUSANA!

Estudamos juntas, cursamos o Magistério, que exigia pré-estágio e estágio, período intenso em nossas vidas e que nos aproximou ainda mais. Hoje encontrei estas fotos que registram os intervalos do nosso pré-estágio em uma escola. Éramos adolescentes com dezesseis anos, meninas sonhadoras e idealistas. 
Fico feliz em rever estes momentos,e  constatar que fazíamos questão de guardá-los para a  posteridade apostando na longevidade da nossa amizade.
Estávamos certas e não fizemos esforço algum, apenas permitimos que o afeto fosse maior que os atalhos da Vida.

                                                                                      (mar de Torres-RS)




AS  PALAVRAS  INTERDITAS


"Os navios existem, e existe o teu rosto 
encostado ao rosto dos navios. 
Sem nenhum destino flutuam nas cidades, 
partem no vento, regressam nos rios. 

Na areia branca, onde o tempo começa, 
uma criança passa de costas para o mar. 
Anoitece. Não há dúvida, anoitece. 
É preciso partir, é preciso ficar. 

Os hospitais cobrem-se de cinza. 
Ondas de sombra quebram nas esquinas. 
Amo-te... E entram pela janela 
as primeiras luzes das colinas. 

As palavras que te envio são interditas 
até, meu amor, pelo halo das searas; 
se alguma regressasse, nem já reconhecia 
o teu nome nas suas curvas claras. 

Dói-me esta água, este ar que se respira, 
dói-me esta solidão de pedra escura, 
estas mãos nocturnas onde aperto 
os meus dias quebrados na cintura. 

E a noite cresce apaixonadamente. 
Nas suas margens nuas, desoladas, 
cada homem tem apenas para dar 
um horizonte de cidades bombardeadas. "



Eugénio de Andrade, in “Poesia e Prosa” 











A instabilidade das cousas no mundo



"Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância."




Gregório de Mattos





terça-feira, 26 de fevereiro de 2013






"E se não fosse verão,
e se não fosse o medo da sombra,
e o medo da campa na escuridão,
o medo de que por sobre mim
surgissem plantas e enterrassem
suas raízes nos meus dedos.
Me mataria em março
se o medo fosse amor.

Se março, junho."


                     [Hilda Hilst]


domingo, 24 de fevereiro de 2013

           (Vander Lee - Meu Jardim)


"O espírito é um jardim.
 Cultive-o"

  
                                             (frase que ganhei há mais de vinte anos e continua atualíssima...)






A poesia barroca de Gregório de Mattos musicada por José Miguel Wisnik e com coreografia arrebatadora do Grupo Corpo.

Voz: Zé Miguel Wisnik e Caetano Veloso.




"Na oração, que desaterra … a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado … dado,
Pregue que a vida é emprestado … estado,
Mistérios mil que desenterra … enterra.

Quem não cuida de si, que é terra, … erra,
Que o alto Rei, por afamado … amado,
É quem lhe assiste ao desvelado … lado,
Da morte ao ar não desaferra, … aferra.

Quem do mundo a mortal loucura … cura,
A vontade de Deus sagrada … agrada
Firmar-lhe a vida em atadura … dura.

O voz zelosa, que dobrada … brada,
Já sei que a flor da formosura, … usura,
Será no fim dessa jornada … nada."