Que horas são?

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012



(este arco-íris me deixou sem ar, num fim de tarde em Copacabana.)




Li este texto no blog da Vivianne Pontes, o dcoração.com. Texto original de Glennon Melton no Huffington Post. Para refletir sobre esta obrigação de "colher" todo e qualquer momento que tanto falam atualmente. Isto cansa!! A mim, cansa. Quero qualidade, intensidade, tudo ao seu tempo. Sem pressa.


"(…)
Em todo lugar alguém diz: aproveite o momento, aumente sua atenção, seja feliz, aproveite cada segundo, etc, etc, etc. Eu sei que a mensagem é correta e boa. Mas eu, finalmente, me permiti admitir que isso não funciona pra mim. Isso me irrita. Carpe Diem me deixa paranóica e em pânico. Especialmente nessa fase da minha vida, enquanto crio filhos pequenos. Ouvir um milhão de diferentes maneiras Carpe Diem me deixa preocupada, que se não estou sempre em intensa gratidão e êxtase, então devo estar fazendo algo errado. 

Acho que criar filhos pequenos (e grandes, me disseram) é um pouco como escalar o Monte Everest. Almas corajosas e aventureiras experimentam isso porque ouviram que existe mágica na escalada. Eles tentam porque acreditam que atingir o topo, ou até tentar, é uma grande realização. Eles tentam porque, durante a escalada, se se permitirem pausar e levantar seus olhos, e retirar suas mentes do esforço, as vistas são de tirar o fôlego. Eles tentam porque mesmo se machucando, e sofrendo, existem momentos que valem a dor. Esses momentos são tão intensos e únicos, que a maioria das pessoas que chegam ao topo, já começa a planejar, quase imediatamente, uma nova escalada. Mesmo assim, todo alpinista te dirá que a maior parte da escalada é traiçoeira, exaustiva, matadora. Que eles literalmente choraram a maior parte do caminho acima. 

E então, eu acho, que se houvessem umas pessoas estacionadas, digamos, a cada trinta metros ao longo do Monte Everest, gritando para os alpinistas: "Você está se divertindo? Se não, você deveria! Um dia você vai se arrepender não ter se divertido!?!” "Acredite em nós! Vai acabar logo!! Carpe Diem "- esses bem-intencionados líderes de torcida corriam o risco de serem jogados da montanha. 

(…) 

De todo modo, claramente, Carpe Diem não funciona pra mim. E não consigo nem Carpe 15 minutos seguidos, então um Diem inteiro está fora de questão.

Aqui está o que funciona pra mim: 

Há 2 tipos diferentes de tempo. O tempo Chronos é o que a gente vive nele. É o tempo normal, 1 minuto de cada vez, é olhar o relógio até a hora de dormir, são os minutos escruciantes até o tempo alvo. (…). Chronos é o tempo que passa devagar. (...) Mas tem o tempo Kairos. Kairos é o tempo de dues. O tempo fora do tempo. É o tempo metafísico. São aqueles momentos mágicos em que o tempo para. Eu tenho alguns desses momentos a cada dia. E eu os acalento. 

Como quando eu paro o que estou fazendo e olho para a minha filha. Como sua pele é perfeitamente macia e morena. Eu perbo as curvas perfeitas da sua pequenina boca de elfo (…) Nesses momentos, eu vejo a sua boca mexer mas eu não a ouço, porque a única coisa que consigo pensar é: Essa é a primeira vez que eu a vejo hoje, e meu deus, ela é linda. Kairos. 

(...) 

Ou quando me enrolo na minha cama confortávem com Theo dormindo aos meus pés e Craig ao meu lado, eu ouço aos dois respirarem. E por um momento eu penso: Como uma garota como eu tem tanta sorte? Ir pra cama a cada noite cercada por essa respiração, esse amor, essa paz? Kairos. 

Estes momentos Kairos vão embora tão rapidamente quanto vem. Mas eu os marco. Eu digo a palavra Kairos na minha cabeça toda vez que deixo Chronos. E ao fim do dia eu não me lembro exatamente quais foram meus momentos Kairos, mas eu lembro que os tive. E isso faz com que a escalada diária da maternidade valer a pena. 

Se eu tive uns Kairos em um dia, eu chamo de sucesso. 

Carpe uns momentos Kairos a cada dia.
Bom o suficiente pra mim."