Que horas são?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

                                                                           (Eu,  traduzida...)



Adriana é daquelas amigas doces e delicadas que encontramos pelo caminho. Há anos sabemos de nós. Moramos longe, mas sempre em sintonia fina. Ela não poderia faltar nesta data tão importante pra mim e me traduziu em poesia. Sempre generosa nas suas palavras, escreveu:

"Parabéns por traduzir em arte e pela arte tantos sentimentos. Sua generosidade sempre presente em tudo o que faz, nos traz a partilha de belezas e encantamentos. Beijos, amiga."


E lá no Facebook, deixou um recadinho, logo que amanheceu o dia:


"Hoje o blog da minha querida amiga Ana, completa um ano de vida, linda de viver, com poemas, poesias, trechos de livros e tudo o que traz à alma beleza e encantamento. Parabéns Ana Maria Oliveira. Obrigada pela partilha."



Traduzir-se


"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?"



Ferreira Gullar

De Na Vertigem do Dia (1975-1980)

Nenhum comentário:

Postar um comentário