Que horas são?

sábado, 24 de dezembro de 2011






Para um fim de semana inspirador,

a poesia do CARLOS EDUARDO LEAL,





"Quero deixar para você quando eu não 

estiver mais aqui


Minhas poesias inéditas e aquelas por 

escrever


Meu cheiro nos teus sonhos


Meu olhar dentro do teu


Meus sorrisos que esqueci de te dar


Minhas impressões digitais na poeira da tua

memória


Um caminhar de mãos dadas pela areia da

praia


Meus livros - todos eles


A distância desnecessária


A saudade desenfreada


O canto de um pássaro


Algumas garrafas de vinho tinto


Duas taças e,


Meu amor."









                           (presépio montado na escola do meu filho)


"Que na noite de Natal possamos celebrar os presentes e não lamentar aqueles que não puderam comparecer."

(Livia Garcia Roza)





E porque é véspera de Natal, fiquei pensando sobre o fato de que a Vida não me apresentou o Natal quando eu era criança. Cresci sem que esta data representasse muito pra mim, a não ser um certo desconforto e deslocamento no cenário natalino.



Por vezes vejo crianças fascinadas com as árvores de Natal. Não vivi isto. E, na tentativa de preencher este espaço, busquei na memória algo equivalente. E as descobertas foram muitas.



Na casa da minha avó paterna "tudo podia", os limites eram os da nossa imaginação. Cresci convivendo com meu primo, apenas um ano mais velho do que eu, e que era o típico menino do interior. Subia em árvores, andava descalço, tomava banho de chuva. E eu, a menina que não podia sujar a roupa, muito menos andar descalça. Sol? Nem pensar. Branquinha!


Brincávamos horas seguidas, construíamos nossos brinquedos e minha avó era a parceira que dava vida à nossa imaginação. Eram dela os lençóis que amarrávamos para fazer casinha, enquanto ela preparava o bolo para a "nossa casa".

Então lembrei que meus olhos brilhavam, quando  descobria um ovo no galinheiro, ou colhia a cenoura e aquela cor vibrante me fascinava. E da vez que colhi uma cenoura ainda muito pequena e minha avó disse que era preciso esperar o tempo certo para colher, que aquela era uma "cenoura - bebê" e necessitava ficar com a sua mãe, a terra. Chorei copiosamente, por horas, porque senti "pena" da cenoura e de tê-la afastado da sua mãe. Acho que neste momento comecei a entender a palavra CULPA.


E a aventura que era procurar os morangos mais vermelhinhos debaixo das folhas verdes. Encontrá-los era um prêmio que podíamos saborear ali mesmo. E se fosse de manhã bem cedinho? Tudo certo, aquele seria nosso café da manhã.

E, desde cedo aprendi que as coisas mais interessantes nem sempre têm acesso fácil. Assim era com os figos. O mais bonito, mais maduro estava sempre no topo  da figueira. Tão cedo já comecei a entender que a relação entre homens e mulheres é complementar. Por que não subia em árvores, era necessário convencer meu primo a ir até lá e colher para mim. O que por vezes exigia um tempo maior para convencê-lo.

E os caquis???!!!  Maravilhosos!!  Logo depois da figueira, havia um pé de caqui, estes mais acessíveis. E deliciosos! Até hoje amo esta fruta.

Andávamos mais um pouco e havia uma plantação de taquaras (uma prima do bambu). Podíamos entrar ali como se entrássemos em uma floresta encantada. Um portal para um mundo em que reinávamos absolutos. Descobríamos insetos, guardávamos objetos, organizávamos uma casa. Adultos não eram bem vindos.

À noite, ficávamos sentados debaixo de uma parreira enorme, ouvindo meu avô contar seus causos. Histórias incríveis, com homens valentes, animais perigosos e um herói, claro. O cenário sempre era uma estância no pampa gaúcho, "com muitas quadras de campo", ele dizia. Os homens todos eram corajosos e as mulheres delicadas e frágeis, que precisavam ser protegidas.

Com ele aprendemos os nomes das estrelas, e eu não entendia quem havia escolhido estes nomes: "Três Marias", "Cruzeiro do Sul"... E por que elas pareciam dançar no céu? E a Lua? Meu avô jurava que São Jorge ainda estava lá.

Agora, entendo que ele criava estas histórias no momento que nos reuníamos. Ia acrescentando personagens e cenários à medida que nosso interesse aumentava. O que ele não contava era com o espírito crítico do meu primo, que, volta e meia, fazia uma pergunta que mudaria o rumo da história. "E se a onça fosse menor?", " E se a cobra fosse maior?", "E se o homem corajoso sentisse medo e sentisse dor de barriga?". Perguntas pertinentes, é claro. Não para o meu avô que tratava de encerrar a história e deixar a nossa imaginação fervilhando.

Em dias de chuva, minha avó fazia pão e bolo, e podíamos ser seus ajudantes, trabalhar a massa, espalhar a farinha com as mãos, quebrar os ovos e comer os "restinhos" das coberturas e recheios. Sem falar naquelas forminhas para confeitar o bolo. Vários formatos...estrelinhas, luas, corações.

E as fornadas de merengue assado?? Divinos!! Nunca mais comi nada igual. Crocantes por fora,  e dentro, muito merengue derretido 



Minha avó fazia bonecas de pano com enchimento de meias. Tardes inteiras costurando à mão. Ponto a ponto. E eu, aos cinco, seis anos, achava aquilo tudo muito mágico.


Na casa da minha avó materna, as permissões eram poucas e os limites muitos, mas havia outro mundo que me fascinava: o mundo da moda.

Ela era costureira, confeccionava roupas para as mulheres mais elegantes da cidade, numa época em que as pessoas frequentavam um ateliê de costura.

Folhear as revistas de moda, organizar as linhas coloridas, enfiar a linha na agulha da máquina e saber a função do dedal e dos moldes. Ver aquelas mulheres provando as roupas, vê-las prontas e acompanhar minha avó na entrega era   muito interessante. 

Agora vejo que, nesta convivência, comecei a treinar meu olhar para o universo das roupas e das cores, aprendi a transitar no mundo feminino e suas delicadezas e sutilezas. Hoje, apesar de nunca ter seguido padrão de moda e beleza, sou totalmente fascinada por este universo. A moda e sua linguagem que seduz.

Até onde minha memória alcança, estas são as melhores passagens daquele período.

Comecei este texto falando do que a vida não tinha me apresentado e fiz isto em dois parágrafos. Em contrapartida, listei várias situações em que, certamente meu olho brilhou muito, meu coração  bateu descompassado e minha ingenuidade me fazia crer que aquilo era felicidade. E era tanta, que misturou-se a várias outras lembranças e ressurge agora, colorida, vibrante e intensa, para que eu saiba valorizar os presentes e conviver com as lacunas.


"Que na noite de Natal possamos celebrar os presentes e não lamentar aqueles que não puderam comparecer."

Inspirada nesta frase da Livia Garcia Roza, desejo um FELIZ NATAL para todos vocês.
Muitas bençãos nas suas vidas, saúde, paz, amor e que saibamos valorizar cada momento que a Vida nos oferece.




sexta-feira, 23 de dezembro de 2011







PARA TI



"Foi para ti

que desfolhei a chuva

para ti soltei o perfume da terra

toquei no nada

e para ti foi tudo



Para ti criei todas as palavras

e todas me faltaram

no minuto em que talhei

o sabor do sempre



Para ti dei voz

às minhas mãos

abri os gomos do tempo

assaltei o mundo

e pensei que tudo estava em nós

nesse doce engano

de tudo sermos donos

sem nada termos

simplesmente porque era de noite

e não dormíamos

eu descia em teu peito

para me procurar

e antes que a escuridão

nos cingisse a cintura

ficávamos nos olhos

vivendo de um só

amando de uma só vida."




MIA COUTO






quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

                                                                                          (vivo olhando para o céu...)





Li esta fábula judaica e pensei no quanto ela se aplica neste período de Natal e festas de fim de ano.






"Um rabino foi até Deus, o Jeová das Sagradas Escrituras, e perguntou-lhe qual era a diferença entre o o céu e o inferno.



No inferno, havia no centro de um salão uma grande grelha com assados apetitosos. Aos frequentadores, foram dados garfos de dois metros de comprimento. Eles trincavam os garfos nas carnes assadas, mas não podiam conduzir os churrascos até as suas bocas, em face do comprimento dos garfos.



Então, Deus conduziu o rabino até o céu, havendo lá outros frequentadores e os mesmos garfos compridos. A diferença é que no céu os convivas alcançavam para as bocas uns dos outros os pedaços assados.

O céu, portanto, era um lugar propício para as pessoas que se ajudam umas às outras, foi o que quis explicar Deus ao rabino."



Para refletir sobre solidariedade, gentilezas, doação, empatia, amor...


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011







ANA LÚCIA TEIXEIRA é minha amiga querida. Veio até mim por um caminho inusitado, jamais pensado por nenhuma de nós. As placas deste caminho sinalizavam que não poderíamos ser amigas, mas, porque somos inteligentes, maduras e sensíveis (e modestas, claro!), decidimos mudar as placas, esquecer as bagagens em uma estação distante e seguir viagem juntas.

Digo que, às vezes, somos quase irmãs siamesas, tal o número  de afinidades que temos. E as sintonias? Todas!!

ANA LÚCIA é uma mulher ímpar. Inteligente, delicada, sensível, lúcida, amorosa e com um coração imenso.

Ela sabe o quanto tem me inspirado. Quantas mudanças houve em mim, depois de conhecê-la.

Sempre temos assunto. Há pauta para qualquer encontro.

Em determinado momento precisamos abrir as janelas da alma, compartilhar sentimentos e desencantos, medos e descobertas que poderiam ter posto um ponto  final nesta amizade.
Ao contrário, isto apenas fortaleceu nosso vínculo afetivo.

Foi ela a responsável pela criação deste blog. Sempre insistia para que eu tivesse um espaço para falar do meu olhar sobre a Vida. Hoje o AMORANINHA tem iluminado os meus dias.

ANA LÚCIA  é uma das pessoas mais fáceis de amar, é de uma simplicidade que encanta, mas tem uma alma com uma essência sofisticada

2011 foi um ano intenso pra mim, e pra ela também. Tivemos perdas, alguns ganhos, outros empates. Mas a Vida, sábia e generosamente soube compensar e a ANA foi um dos meus melhores presentes.

Ana Lúcia, Anabacana, Anaroccana, Anamostrada. Tantas Anas moram nela e todas têm o dom de alegrar os meus dias.




Anaquerida, desejo muitas bençãos na tua vida, um Natal de sorrisos, filhos e celebrações e milhares de anos para a nossa amizade.



Aqui o link para um blog lindo como quem o criou...
http://roccana2.blogspot.com/ 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011





https://www.facebook.com/video/video.php?v=1935430113442#comments




CARLOS EDUARDO LEAL


Psicanalista, escritor e poeta, com uma lucidez intelectual que encanta.

Carlos Eduardo fala neste vídeo sobre a traição e as consequências emocionais que ela produz. 
 
Disseca este acontecimento da Vida com a serenidade de quem está acostumado a cuidar do outro, na prática clínica e na poesia.

Ler e ouvir Carlos Eduardo é sempre um aprendizado. Conviver com ele é um presente!



POESIA: "Fragmenta" e "A sede da mulher"

ROMANCES: "O nó górdio" e "A última palavra". 








Sinto-me.

Sinto-te.

Sinto-nos..

SOMOS!

(declaração - confissão - certeza - propósito)



Para começar a semana nas melhores vibrações, celebrando as chegadas, os sentidos, os sentimentos...

Conjugar os verbos no tempo presente...proferir palavras que sigam tão-somente as partituras do nosso coração, e com elas bordar frases inteiras de puro encantamento.


BOA SEMANA!







domingo, 18 de dezembro de 2011





AMAZING GRACE!! 


Independente da crença religiosa de cada um, certo é que muitas graças nos foram concedidas durante este ano que termina.

Este foi um dos meus aprendizados em 2011: agradecer, agradecer e agradecer. Prestar atenção aos presentes pequenos que recebi pela Graça Divina, reconhecê-los e...agradecer!

Todos os dias acontece um milagre que não é reconhecido. Milagrinhos, às vezes, mas que só aconteceram pela graça de Deus.



Estar vivo, voltar em segurança para casa, ver os filhos saudáveis, trabalhar, ter saúde, sentir amor, ter inspiração, motivação, caminhar...São tantos! E sei que cada um de nós tem sua lista particular de milagres recebidos. Quando ganhamos um presente, dita a regra que devemos agradecer a quem teve este gesto delicado e generoso. Pois assim deveria ser quando recebemos uma graça. Agradecer a quem depositamos nossa fé e confiança.

Ainda que soe estranho, tenho aprendido a agradecer pelas situações que não se concretizaram, pelos planos que fiz e não deram certo, pelas pessoas que encontrei e  ficaram no meio do caminho com suas máscaras e disfarces e pelos "nãos" que recebi. Toda vez que isto aconteceu, a Luz Divina sinalizou um outro caminho, mais florido, mais ensolarado, mais verdadeiro, mais generoso.

Agradecer pelo que deu certo é festivo, colorido, fácil. Agradecer pelo que foi contra a nossa vontade e planos requer uma virtude maior: a humildade.
É preciso ser humilde e aceitar que a Vida é muito maior do que a nossa vontade e que nossos planos devem estar alinhados aos planos Divinos. 

Humildade, Gratidão, Milagre...sempre!
 
AMAZING GRACE!! 

                                     ("Bela sintonia e suave sincronicidade..." é o que temos.)      
     





ALGUNS PROPÓSITOS PARA  2012






Eliminar as culpas

Fazer Pilates

Aprender a administrar o Tempo

Viajar

Encontrar e reencontrar as pessoas

Praticar o desapego







(continua...)