(No meio do caminho tinha uma rosa...)
CORRIDINHO
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
Adélia Prado
Adélia Prado é perfeita em prosa ou poesia. Este poema, em especial, vi lá no perfil do Facebook do meu amigo Eurípedes Alvarenga Barbosa, que faz poesia também e é inspiradíssimo.
Ganhei um carinho:
EU: "Posso levar o poema lá para o blog?"
EURÍPEDES: "Pois leve, Adélia vai se sentir em casa - seu blog tem tamanho infinito mas acolhe como se fosse ninho pra ovo, filhote e ave..."
Obrigada, Eurípedes!!! Boas palavras são um carinho na alma.
Amor? Não sei.
ResponderExcluirÉ meio paranóico.
Parece uma coisa para enlouquecer a gente devagar.
Caio Fernando Abreu
Obrigada pela visitinha e por trazer Caio Fernando Abreu pra cá! Mas amor é alegre!!! Bj
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