Carta 36
"Coloca as tuas mãos no meu rosto, agora. Douradas de amor. Não todo, claro. Só o-certo-amor. Aquele que nos apraz. Lendário. Inventado de madrugada. Na melancolia mansa das tuas pálpebras. Na intimidade branca das minhas pupilas. Essas, onde correm todos os lugares.Todos os rios. Todos os sítios. Ousando fazer coisas. Ousando dizer coisas. Semeando por aí, tão perto de nós, jornadas de campos longínquos. Adiados dentro de mim.
E, por cima: o meu sorriso. Aquele que dizias ser o teu jardim. A crescer. A florir. A prolongar-se nos teus olhos, que a certa altura emudecias. De tal forma que fazias parte dele, e nessa parte ele é, ainda, autenticamente Teu!"
ANA MARIA DOMINGUES, in CARTAS A ROMEU (Ed. de autor, 2013)
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