A BOCA
Eugênio de Andrade
A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo
cintila.
O que pode uma boca
esperar
senão outra boca?
E por que hoje é domingo, sabiás me visitam e Bobby Mcferrin canta "DON'T WORRY BE HAPPY!!", me permito divagações descompromissadas sobre a vida. Lembrei dos amores de verão e da sua real dimensão na vida de cada um de nós. Por que nomeamos "amores de verão"? Terminam todos com a estação? Há os que se prolongam pelo resto do ano e, quem sabe, anos a fio? Há os que nem amores foram, senão atração e paixão?
De que forma eles nos voltam à lembrança durante a vida? Ficamos felizes, alegres, ou melancólicos e tristes?
De que forma eles nos voltam à lembrança durante a vida? Ficamos felizes, alegres, ou melancólicos e tristes?
Imaginemos a seguinte situação: um verão, anos 80, ele um deus grego absurdamente lindo e atraente, ela uma menina, esplendorosamente menina. Cenário: praia, sol, areia e mar.
Ele, jovem, mas bem mais velho do que ela. Quando seus olhares se cruzaram, tudo passou a ser movido a adrenalina e desejo. Lindas tardes de amor, horas intermináveis de prazer e, então, o veraneio chega ao fim. É preciso retomar a Vida e suas rotinas. O casal se separa, encontram-se mais algumas vezes, mas, infelizmente, o relacionamento chega ao fim.
Ele, carinhoso, cuidadoso e gentil, a encantava vez ou outra com seus recados e presentinhos. Ela o guardava no lugar mais especial de sua memória afetiva.
Ele, carinhoso, cuidadoso e gentil, a encantava vez ou outra com seus recados e presentinhos. Ela o guardava no lugar mais especial de sua memória afetiva.
Voltemos para 2011. Eles se reencontram virtualmente e vêem que alguma coisa ficou inacabada, palavras não foram ditas, desejos não foram satisfeitos. E tudo pulsa novamente...e o coração acelera. O encontro é o próximo passo.
É uma situação inventada esta, mas poderia ser a história de qualquer um de nós que teve um bom amor no passado. Amor, por si só, se basta, não carece de rótulos, nomes, limites. Bastaria dizer que foi um amor e diríamos tudo a respeito, mas há em nós uma necessidade latente de nomear o que só precisaria ser sentido. Pensemos nos amores que deixamos pelo caminho, nos que retornaram e foram bons, nos que reencontramos e nos causaram decepção e dor. Naqueles que nos deixaram lembranças inesquecíveis e que pela sua beleza iluminam cada cantinho da nossa memória.
É um convite à reflexão sobre como tratamos nossos afetos passados, onde os guardamos depois que terminam, quais efeitos têm e ainda terão sobre nós ao longo da vida, mas acima de tudo, para que pensemos carinhosamente sobre como cuidamos do amor que temos agora.
Só porque hoje é domingo e as horas passam mais devagar...
Pode até ser verdadeiro, mas nem sempre dá certo um novo encontro depois de tanto tempo, cada um com costumes diferentes daquela época. Aconteceu com pessoas conhecidas.
ResponderExcluirMas vale a reflexão.
Bjim
É preciso ir como se um novo encontro fosse, sem expectativas irreais...talvez aí dê certo.Bj
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