"Quando o meu bem querer me vir Estou certa que há de vir atrás Há de me seguir por todos Todos, todos, todos os umbrais.
E quando o seu bem querer mentir Que não vai haver adeus jamais Há de responder com juras Juras, juras, juras imorais.
E quando o meu bem querer sentir Que o amor é coisa tão fugaz Há de me abraçar com a garra A garra, a garra, a garra dos mortais.
E quando o seu bem querer pedir Pra você ficar um pouco mais Há que me afagar com a calma A calma, a calma, a calma dos casais.
E quando o meu bem querer ouvir O meu coração bater demais Há de me rasgar com a fúria A fúria, a fúria, a fúria assim dos animais.
E quando o seu bem querer dormir Tome conta que ele sonhe em paz Como alguém que lhe apagasse a luz Vedasse a porta e abrisse o gás."
FUTUROS AMANTES
Chico Buarque
"Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar.
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos.
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização.
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você."
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Parto do nada. Olho em volta e vejo. Primeiro o olho vê, depois a alma sente e logo eu fotografo, obediente.
Parto do nada para me (re)conduzir a um tempo novo. Esvazio as bagagens, separo apenas o necessário para seguir em frente,(este é o processo mais longo), é necessário esvaziar-me do que está lá guardado e ninguém vê. Para que eu conheça o tempo novo, preciso resguardar silêncios, recolher-me em pensamentos, (re)organizar os sentimentos e listar as prioridades. E, então, deixar o olho ver com clareza e permitir que a alma sinta a paisagem que se impõe. Pensamento, alma e coração juntos na tarefa de me (re)conduzir a um NOVO TEMPO. Aquele tempo que Chico Buarque cantou. Enquanto ele não chega, fotografo.