"Manter a postura de um corpo, preservar a compostura de um rosto, primeiros passos no caminho para a sobrevivência. A dor da perda está aprisionada entre as barras de aço da aparência externa. Dilacerando músculos e ossos freneticamente, e impossibilitada de fugir, inflige ferimentos de ação prolongada. Ferimentos internos que serão levados para o túmulo e que nenhuma autópsia será capaz de revelar. Lentamente, a dor se cansa e adormece, mas nunca morre. Com o passar do tempo, vai se habituando à sua prisão e um relacionamento de respeito se estabelece entre prisioneiro e carcereiro. (...) Agora a batalha de Ingrid era com a dor da perda. E embora a dor, no final, acabasse vencendo, ela continuaria a viver, o que não é insignificante."
(Josephine Hart in: Perdas e danos. Ed. BestBolso, p. 186-187)
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