NO TE SALVES
Mario Benedetti
"No te quedes inmóvil
al borde del camino
no congeles el júbilo
no quieras con desgana
no te salves ahora
ni nunca
no te salves
no te llenes de calma
no reserves del mundo
sólo un rincón tranquilo
no dejes caer los párpados
pesados como juicios
no te quedes sin labios
no te duermas sin sueño
no te pienses sin sangre
no te juzgues sin tiempo
pero si
pese a todo
no puedes evitarlo
y congelas el júbilo
y quieres con desgana
y te salvas ahora
y te llenas de calma
y reservas del mundo
sólo un rincón tranquilo
y dejas caer los párpados
pesados como juicios
y te secas sin labios
y te duermes sin sueño
y te piensas sin sangre
y te juzgas sin tiempo
y te quedas inmóvil
al borde del camino
y te salvas
entonces
no te quedes conmigo. "
NÃO TE SALVES[i]
"Não fiques imóvel
a beira do caminho
não congeles o júbilo
não queiras sem vontade
não te salves agora
nem nunca
não te salves.
não te enches de calma
não reserves do mundo
só um rincão[iii] tranqüilo
não deixe cair as pálpebras
pesadas como juízos
não te fiques sem lábios
não te durmas sem sono.
não penses sem sangue[iv]
não te julgue sem tempo.
mas se
Apesar de tudo
não podes evitá-lo
e congelas o júbilo
e queres sem vontade
e te salvas agora
e te enches de calma
e reservas do mundo
só um rincão tranqüilo
e deixas cair tuas pálpebras
pesadas como juízos
e te secas teus lábios
e te dorme sem sono
e te pensas sem sangue
e te julgas sem tempo
e ficas imóvel
à beira do caminho
e te salvas
então
não fiques comigo."
"TRADUÇÃO DE ANGEL RODRIGUEZ JIMENEZ.
Nota do tradutor: esta tradução é quase literal, o que não deveria ser, pois não é possível
traduzir todo o sentido que ela traz: a cultura, a língua... Mas, no caso especial deste poema,
Mario Benedetti vai muito além do seu tempo e alcança o sentido mais profundo da nossa
relação com o mundo e o que existe ainda de humano em nós.
[i] Este poema está no livro: Poesia Habana. Ciudad de la Habana: Editorial Pueblo e
Educación, 1983.
[ii] Poeta uruguaio radicado na Espanha. [iii] Um cantinho, um lugar tranqüilo.
[iv] Sem emoção, sem paixão."
:: Verinotio - Revista On-line de Educação e Ciências Humanas.
Nº 8, Ano IV, Maio de 2008 - Publicação semestral – ISSN 1981-061X.
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