Os poemas da Ângela Lago sempre me instigam...Neste, em especial, quando ela diz:
"Mas, ai, que mesmo sem permissão
vai o perfume pela narina abaixo.Entrou. E agora?"
É exatamente assim quando o amor acontece em nossas vidas."Entrou.E agora?" Nem dá tempo para decidir se queremos ou se podemos amar naquele momento. Apenas acontece...então, se é assim, amemos, rendemo-nos a ele, que venham os riscos, que suportemos os riscos, que sejamos fortes nas despedidas e agradecidos por conhecê-lo. Que sejamos pétalas em flor para quem nos oferecer um jardim. Sem medo, sem proteções,rendemo-nos.
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o destrutor do jardim.
Se toca, a flor murcha,
se pega, o botão não abre mais.
Se olha, mesmo de banda, seca.
Melhor, respire raso.
Mas, ai, que mesmo sem permissão
vai o perfume pela narina abaixo.
Entrou. E agora?
Te despetalará por dentro
a ti que devias ser pedra.
Atômico olor vingará o reino humano.
E então, dado a conhecer a beleza,
o destrutor do jardim
cairá de joelho em pleno Éden."
ÂNGELA LAGO
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